O SÓCIO, O ÍDOLO, O AMIGO!


Para relembrar a escalada da vida política e profissional do nosso saudoso pai, Antônio Piancó,
necessário se faz ressaltar o relevante companheirismo, por décadas a fio, desse Grande Homem que o acolheu como empregado e lhe deu a oportunidade de chegar a ser o 2º acionista de sua Empresa W.Siqueira S/A.

"Eu sou um homem da região do Pajeú - dizia ele - no Sertão de Pernambuco. Comecei a trabalhar muito cedo, com a idade de 11 anos. Na época de minha infância, havia dificuldade para estudar, de maneira que só consegui fazer o Curso Primário".
PERFIL PARLAMENTAR SÉCULO XX
A edição Perfil Parlamentar Século XX, pela Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, com apoio dos Diários Associados, é significativa, sobretudo, porque representa o destaque de nomes, da obra e da vida daqueles que, por sua atuação política nesta Casa e fora dela, se sobressaíram no Estado e no País.

A Assembléia Legislativa mostra às novas gerações, com esta publicação, a ação parlamentar de alguns de seus mais ilustres deputados ao longo de seus 166 anos.

A seleção dos parlamentares representativos do século XX foi realizada pela Academia Pernambucana de Letras, que indicou o acadêmico Mário Márcio de Almeida Santos, o Conselho Estadual de Cultura, representado pelo conselheiro Marcus Accioly, a Fundação Joaquim Nabuco, que indicou o professor Manuel Correia de Andrade, a Universidade Federal de Pernambuco, representada pelo professor Marc Jay Hoffnagel, e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, que se fez presente pelo pesquisador Carlos Bezerra Cavalcanti. Este grupo de notáveis constituiu a Comissão Especial, a qual teve a consultoria do ex-deputado e presidente em exercício da Academia Pernambucana de Letras, Antônio Corrêa de Oliveira.

As reuniões que antecederam a divulgação do resultado final definiram os critérios para a seleção: que o parlamentar já tivesse falecido; atuação na Assembléia Legislativa; atuação política e profissional.

Entre outros escolhidos,Walfredo Paulino de Siqueira. O Parlamento é o espaço democrático onde os cidadãos são representados pelos deputados. Esta publicação é uma homenagem àqueles que tornaram ainda mais importante o Poder Legislativo.Serão publicados três mil exemplares de cada um dos 22 volumes, os quais serão distribuídos, majoritariamente, nas escolas e bibliotecas. A redação destes Perfis está a cargo de jornalistas profissionais, aos quais esta Casa não impôs restrições, confiando-lhes o livre exercício dos seus estilos e características pessoais.-->

Este site interessa a estudantes, a políticos, a pesquisadores e à sociedade de um modo geral, pois nele estão contidas novas informações sobre a História de Pernambuco e do Brasil.

A iniciativa da atual Mesa Diretora da Casa de Joaquim Nabuco concretiza a determinação de que vamos deixar uma Assembléia Legislativa que seja motivo de orgulho para a sociedade que nela se vê representada.

Deputado Romário Dias,
Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco
Casado com Dona Maria, pai de 11 filhos:
Zuleide, Socorro, Ivone, Graça, Zita,
Haroldo, José Carlos, Carlos, Marcos, Jorge e Walfredinho

segunda-feira, 23 de maio de 2011

WALFREDO SIQUEIRA: O VICE-REI DO SERTÃO

Lançamento do livro:
Zita Siqueira (filha de seu Walfredo),
ladeada por Lila e Lusa, filhas de Toinho Piancó




UM GRANDE SERTANEJO

"Walfredo Paulino de Siqueira nasceu no dia 23 de maio de 1911, em São José do Egito, ribeira do Rio Pajeú, no sertão do estado.

Ele era filho de José Paulino de Siqueira (outrora Tabelião e figura popularíssima, querida por todos em São José do Egito), e de Dona Maria Rafael de Siqueira.
Seu pai, descencendente do velho Mestre de Campos da Ribeira do Moxotó - Pantaleão de Siqueira Barbosa. Sua mãe. descendente de Luís Teixeira de Deus Vasconcelos, do Rio Grande do Norte que para aqui veio em meados do século XVIII.

Foi casado com Dona Maria do Carmo Cavalcanti de Siqueira, nascida em Umburanas, hoje Itapetim, lugar cuja emancipação política foi conseguida por ele, no ano de 1953.

Terra de Padre João Leite, Simão Leite e de Antônio Piancó, este último além de amigo, foi um de seus braços fortes no desenvolvimento e no sucesso da Empresa do Algodão. Conhecia todos os itapetinenses, afinal enquanto político, Itapetim foi o seu reduto eleitoral mais forte.

Foram pais de quatorze (14)  filhos, criaram onze (11) , e foram avós de (38) trinta e oito netos.
Por ter perdido sua mãe aos sete (7) anos de idade, amadureceu muito cedo - dividia responsabilidades caseiras e ajudava sua mãe Preta a cuidar dos irmãos, pois os dois mais velhos eram mulheres: Adalgisa de Siqueira Aragão e Júlia de Siqueira Leite. Ele, como bem disse Ivanildo Sampaio, "Era a luz e o porto da família, dedicou-se muito a essas duas irmãs. A primeira, foi casada co Abraão Correia de Aragão, que muitos anos foi Tabelião nesta cidade.

Lembro-me de que quando ela faleceu meu pai chorava copiosamente. Além de irmã era muito sua amiga. A segunda, casada com o Sr. Paulino Leite que era comerciante.
Por ser muito devota e uma das zeladoras de nossa matriz,  sempre estava com um terço em suas mãos, rezando por todos os familiares, especialmente por meu pai. Dizia que era um irmão que qualquer irmã desejaria ter.

A infância e a adolescência de Walfredo foram recheadas de carências. Seu pai rapidamente contraiu novas núpcias e teve mais  três (3) filhos: Telêmaco, Orlando e Célia, esta destacou-se como professora, poetisa e pintora.

Assim sendo, ele, como homem mais velho da segunda família assumiu o leme da casa.
Muito cedo saiu do seu lar e foi para a Cidade de Fortaleza, em busca da ajuda de um tio, chamado Paulino de Siqueira Campos, irmão do seu pai. Era dono de vários estabelecimentos comerciais na Praça do Ferreira. Mas, para sua surpresa o que buscava não encontrou. "Sem lenço e sem documento", dormiu em bancos de praça até encontrar um meio de frazer o caminho de volta.

Em aqui chegando foi trabalhar no que lhe aparecia. Trabalhou na Usina de seu Inácio Valadares e acredito que por terem percebido sua inteligência, com 17 anos foi ser Secretário da Prefeitura, no Governo do Sr. João Valadares.

O nome Paulino em nossa família é muito forte. Tivemos também um tio chamado Paulino Rafael, irmão de sua mãe. Esse muito cedo foi embora para a Cidade de Bauru, uma cidade no estado de São Paulo, e por ser ligado à cultura, era dono de um dos maiores jornais daquela cidade.

Walfredo Siqueira, por ter tendência comerciais abriu um alambique no quintal de sua residência, gerenciado por Sata Menezes, irmão do seresteiro João Pequeno, e já se achando estruturado resolveu casar aos vinte e dois (22) anos e, ela aos dezenove (19) anos. E aí vamos labutar para que pudesse dar condições dignas à sua família. E assim o fez, só parando quando a morte o arrebatou.

Cidadão de grandes virtudes foi bom filho, irmão, esposo, sogro, excelente pai e avô, amigo dos amigos. Sentia prazer em ajudar a sua gente, independente da política, não se negava quando procurado.
Sua vida pública, não foi em vão. Cumpriu sua missão aqui na terra, muito bem cumprida, não só na qualidade de cidadão, mas de Prefeito, Deputado Estadual (quatro legislaturas), Presidente da Assembléia (por duas vezes) e assumiu o Cargo de Governador (por 18 vezes), ou como dizem alguns 22 vezes.

Pensava muito em educação. Ajudou muitos dos seus conterrâneos a se formarem. Dizia que não tinha tido o privilégio de colocar um anel no dedo, mas que ia chegar o dia em que o Governo abriria as torneiras para que houvesse educação para todos independente de raça, cor e religião.

Lutou pelo direito de que todos os jovens fossem portadores do Diploma de um Curso Superior. E esse dia chegou. Gostava também de dizer que muito aprendera com a Bíblia, obra que considerava como a mais importante criação literária, filosófica e cultural da História da humanidade.
Homem de costumes simples, não escondia o fato de não ser portador de Curso Superior e dizia com certo orgulho que todo seu conhecimento foi adquirido por ele próprio, através dos livros.

Sem dúvida foi um privilegiado e até mesmo um iluminado. Por muito tempo foi destaque da família Siqueira e continua. Parece até que estava escrito nas estreloas que por aqui sua passagem seria rápida, mas as páginas do livro de sua história seriam todas escritas, não só pelos grandes feitos, mas sobretudo pela trajetória da sua vida.

Dr. Luis Wilson, em seu livri intitulado " Velhos e Grandes Sertanejos", diz: " homem inteligente, simpático e atencioso com todo mundo". Acredito que por ter essses e outros predicados, chegou, ao ápice em todos os setores onde atuou. Por ter exercido várias atividades pode ajudar quase todos da família: irmão, sobrinhos, primos, entre outros.

Foi comerciante, industrial, agropecuarista e político, tendo iniciado sua carreira pública no ano de 1937, quando implantado o esatado Novo, como interventor, a pedido de um grande amigo, o Sr. José Borja. Enquanto político, nunca abandonou sua terra, tanto é que o nosso sertanejo pensava que ele era o proprietário ou sócio do Banco do Brasil, por vê-lo sempre ali sentado a conversar com o gerente e a conseguir dinhei9ro para seus eleitores e amigos. Uma de suas maiores qualidades: A humildade. Parece até que se sentia melhor em uma cabana do que num Palácio.
Questão de raízes. Tratava o pobre e o rico com a mesma simpatia que lhe era peculiar. Diz um velho provérbio que quem quiser ser bom, morra; no entanto, não era só eu como filha que assim o via.

Obviamente, tinha seus defeitos, mas seu carisma era muito mais forte: Crianças, jovens e velhos o admiravam, acredito que por não ter arestas políticas com ninguém - correligionários e adversários eram tratados por igual."

Pinçado do livro " O Vice-Rei do Sertão - Traços Biográficos de Zita Siquiera (Filha de Walfredo Paulino de Siqueira)
LANÇAMENTO DO LIVRO E ENTREGA DAS COMENDAS



Marcando presença:

Lusa Piancó Vilar e Carlos do Rêgo Vilar (seu esposo)


Leta Piancó e Professor Heráclio Felipe Barbosa (seu esposo)

Hélder Felipe Piancó (filho deLeta e Heráclio) e Valdira (esposa)
João Antônio (filho do casal e bisneto de Antônio Piancó)

Elizabeth Piancó e Maria Rita (sua Filha)
André Felipe e sua mãe Valdíra (bisneto de Antônio Piancó)

NO FELIZ REENCONTRO:
NOSSOS AGRADECIMENTOS



Lusa Piancó Vilar com  Walfredinho (filho de seu Walfredo) e esposa

Lusa, Lila e Maria Rita (filha de Lila),
 com Carlos Siqueira (filho de seu Walfredo)

Com Zuleide Siqueira (filha de seu Walfredo) e seu esposo

Com os filhos de seu Walfredo:Maria das Graças, (e seus filhos),
Marcos Siqueira e esposa


Com Ivone de Siqueira Perazzo
 (viúva do saudoso Francisquinho Perazzo e filha de seu Walfredo)

Socorro e Carlos Siqueira (filhos de seu Walfredo)

EM MEMÓRIA DO MEU PAI, ANTÔNIO PIANCÓ SOBRINHO




ERA O QUE EU TINHA A DIZER:
Este é um momento de profunda emoção para os filhos, netos e bisnetos de Antônio Piancó Sobrinho.
Não restam dúvidas do duradouro relacionamento político e comercial entre Walfredo Paulino de Siqueira e Antônio Piancó Sobrinho.

É muito difícil para nós, filhos de Antônio Piancó, assimilar a finalidade para a qual essa Comenda foi criada. Quando recebi o convite para representar minha família nesta solenidade, li atentamente sobre o que levou a família de Walfredo Siqueira escolher o nosso pai como um dos agraciados.

Durante toda a sua vida, a vida em que conosco conviveu, meu pai nos ensinou a amar, a respeitar e, sobretudo, a ser gratos àquele que foi para ele o responsável pelo seu sucesso profissional e político.

De repente, o vejo do outro lado da medalha, de repente o vejo considerado como alguém que teve um papel imprescindível para a trajetória de êxito do grande líder sertanejo, Walfredo Paulino de Siqueira.

Em 2008 quando criei o meu 1º blog intitulado "Raízes", onde venho postando relatos das minhas origens, percebi que ao contar a história de vida de Antônio Piancó seria impossível não mesclá-la com os passos de Walfredo Siqueira, visto que andaram juntos pelo mundo dos negócios e da política durante 40 anos.

Walfredo Paulino de Siqueira foi para nosso pai espelho de retidão e caráter, cujos valores, que dele recebeu, repassou para sua família como um precioso legado.
Portanto, é com imensa saudade de Walfredo Paulino de Siqueira, o homem que foi para o meu saudoso pai Antônio Piancó Sobrinho, inicialmente um patrão , posteriormente o seu maior amigo, seu sócio, seu ídolo.
Um homem a quem ele seguiu  politicamente até o dia em que ele deixou de existir entre nós, um homem com quem aprendeu fazer política, com quem aprendeu a trabalhar e ganhar dinheiro honestamente.

Por isso hoje estou qui estou representando a sua descendência, a qual hoje se faz representar pelos seus filhos, netos e bisnetos, que junto comigo vieram agradecer o reconhecimento a ele conferido.

O nome de Walfredo Paulino de Siqueira decantado pelos descendentes de Antônio Piancó, com muito orgulho e com muita gratidão, é eco que não se calará por toda a nossa posteridade.

Nada mais gratificante na nossa vida do que esse reconhecimento, hoje ratificado na entrega dessa Comenda por parte dos  descendentes de Walfredo Paulino de Siqueira.

Não pela vaidade de ser reconhecido, mas pela afirmação coletiva de que nossos atos tiveram aprovação majoritária em meio a esta imensidão que é a diversidade humana.

A atitude de reconhecer e homenagear o nosso pai, é uma atitude de desprendimento e profunda demonstração de consideração e afeto, que toca fundo a nossa alma e o nosso coração.

Por isso estou emocionada com esta homenagem, especialmente, porque a recebo em nome do meu saudoso pai e tenho certeza de que meus familiares, que junto comigo vieram recebê-la, sabem da importância que ela tem para nós.

Temos muitos agradecimentos a fazer, mas o primeiro que faço é a Deus por ter nos dado a oportunidade de privar da amizade de Walfredo Paulino de Siqueira.
Em segundo lugar, quero agradecer ao meu pai, Antônio Piancó, porque ele soube ter o cuidado de fazer sua trajetória de vida com a consciência de que dela dependeria em muito a vida dos seus descendentes.

"Deus nos dá o sol da manhã e o sopro da vida, mas o resto corre por nossa conta" são palavras de Chico Xavier.

Em 1935, meu pai  era apenas um menino de 15 anos de idade, originário de uma família abastada, neto de Serafim Piancó.

Mas, infelizmente, foi surpreendido com a morte de seu pai, João Inácio de Lima, vítima de acidente automobilístico precisamente no dia 2 de novembro, na mesma data em que se comemora o dia de finados.
A minha avó, Conceição Piancó, ficara viúva com 8 filhos, sendo meu pai o mais velho deles.

Meu bisavô era dono de terras na Maniçobas. A Maniçobas é uma propriedade rural situada no Município de Itapetim, que ainda hoje nos pertence por herança. Mas naquela época, por questões que não cabem aqui entrar no mérito, a herança deixada pelo meu avô foi postergada para muitos anos depois.

E meu pai por ser o mais velho, sentiu o peso da responsabilidade que lhe caíra sobre os ombros, diante daquele fatalismo que o fez ficar órfão de pai , juntamente com 7 irmãos.
Por isso teve que arregaçar as mangas, e ir à luta para dar conta da família. E deu. É nisso que reside o seu grande mérito.

Conseguiu seu primeiro emprego com o Sr. Jota Mariano, irmão de Seu Inácio Mariano Valadares, dado que a família, antes de Seu Walfredo, a ele era ligada politicamente.

Não demorou muito para que Seu Walfredo descobrisse aquele "menino", através de Delfino Piancó, um primo legítimo de meu pai que já trabalhava com Seu Walfredo. 
Foi contratado para a função de comerciário, para a compra de algodão, mamona, agave e outras matérias primas existentes na época.

Iniciaram uma relação de empregado/patrão, pela firma W. Siqueira, de 1945 até 1956, posteriormente ficaram sócios pela firma Siqueira & Piancó, e mais tarde sócios pela W.Siqueira S/A, onde chegou a ocupar diversos cargos, inclusive o de Diretor / Secretário.

Também foi dono do seu próprio negócio, além de uma Casa Comercial em Itapetim, dedicou-se a indústria de panificação e montou uma fábrica de doce de goiaba, fato que vem corroborar a certeza de que Seu Walfredo muito contribuiu para que alcançasse a sua independência financeira.

No ano de 1945, ano em que casou-se com minha saudosa mãe, Rita Barbosa Piancó, teve como padrinho de casamento o seu patrão e amigo, Walfredo Siqueira, foi morar na povoação de São Vicente para desempenhar sua função de comerciário.

Foi naquele mesmo povoado que o casal teve a sua primeira filha, Bernadete, de cujo batismo foram padrinhos Seu Walfredo e Dona Maria.

O relacionamento político também teve início em 1945, quando Seu Walfredo tendo sido convocado pelo Interventor do Estado, Agamenon Magalhães, e recebera a incubência de organizar o Partido Social Democrático - PSD no seu município.

Em cumprimento a esta delegação que recebera, Seu Walfredo escolheu Antônio Piancó para dar cabo daquela importante tarefa, na então Vila de Umburanas, que naquela época ainda não era um município emancipado.

Incentivado e apoiado por Walfredo Paulino de Siqueira, Antônio Piancó foi eleito vereador por três Legislaturas, e no ano de 1963 elegeu-se prefeito do Município de Itapetim, cujo mandato por força do golpe militar de 1964 perpassou os 4 anos para os quais foi eleito, tendo governado Itapetim até o ano de 1968.

Amigos inseparáveis, Walfredo e Toinho, nutriram pelo Pe. João Leite de Andrade, o maior chefe político da minha terra natal, uma grande amizade e um profundo respeito, permanecendo no mesmo partido até a sua finitude, quando foi substituido pela ARENA. ,

Ainda guardo comigo o Livro de Atas do Partido Social Democrático - PSD, onde estão registradas todas as sessões de 29 de agosto de 1949 (ano em que nasci) até o dia 26 de fevereiro de 1964, e nessa última ficou o registro histórico do escolhido para Delegado às Convenções Nacionais do Partido, o Doutor Paulo Pessoa Guerra.

No meu Blog "Antônio Piancó - O Homem Público, postei o conteúdo dessas sessões pela importância dos registros ali encontrados, e principalmente pela memória de grandes homens da minha terra que, junto com meu pai, participaram da nossa luta pela emancipação do nosso município.

Quando comecei a juntar os retalhos da vida do meu pai para escrever no Blog "Raízes", na intenção de deixar para os meus netos relatos das minhas origens, percebi no decorrer das minhas postagens a impossibilidade de fazê-lo sem que tivesse um conhecimento mais profundo da trajetória de vida de Walfredo Siqueira.

Fui buscar no trabalho do Jornalista e escritor, Ivanildo Sampaio, que havia escrito "O algodão e o Sonho" onde traçou o perfil de Walfredo Siqueira, as informações de que precisava.

Confesso que, durante a minha leitura, a cada parágrafo só não vi meu pai ao lado de Seu Walfredo nas vezes em que ele se sentou na cadeira do parlamento, ou na cadeira do governador, mas em todas os outro momentos de sua vida, durante 40 anos, ele estava alí, presente, como amigo fiel, como correligionário, como partífice e não como mero objeto, enfim como um trabalhador incansável.

Entre tantas outras citações, pincei do "Algodão e o Sonho", uma afirmativa de Seu Walfredo, a qual se não levasse a sua assinatura, eu poderia pensar que teria sido escrita por meu pai:

" Eu sou um homem da região do Pajeú - dizia ele - do Sertão de Pernambuco. Comecei a trabalhar , com a idade de 11 anos . Na época de minha infância, havia dificuldade para estudar, de maneira que só consegui fazer o Curso Primário."

Imediatamente eu me lembrei da história que meu pai gostava de contar:

"Quando fui trabalhar com Seu Walfredo ele sabia que eu era um homem de pouca leitura. Se ele quisesse, teria me posto um saco na cabeça no meu primeiro dia de serviço. Mas ele me deu um bureau, uma caneta e com ele terminei de aprender a ler e escrever, pois eu só tinha o curso primário feito com professora rural. Em momentos de folga eu copiava os livros do escritório, eu procurava imitar a letra dele, fui treinando e por isso hoje tenho essa caligrafia"

Também estão registradas no "Algodão e o Sonho" as palavras de Dr. Eraldo Gueiros em uma entrevista concedida a Ivanildo Sampaio:

"... Os homens do Pajeú são homens dignos, sérios, incapazes de trair a palavra empenhada. O seu conterrâneo, Walfredo Siqueira, é um desses homens em quem a gente pode confiar, um homem que não precisa assinar documento para honrar a palavra dada, pois a gente sabe que ela será cumprida até o fim".

E de novo me lembrei do quanto nosso pai honrou a sua condição de sertanejo digno e sério, cumpriu a sua palavra empenhada, a palavra tantas vezes repetida por ele, a de ser amigo fiel e incondicional de Walfredo Paulino de Siqueira, até que a morte de um dos dois o separassem.

Meu pai sempre dizia, humildemente, tudo que sou, tudo que tenho e tudo que venha a ter, eu devo a um homem chamado Walfredo Siqueira, que me acolheu em suas empresas, quando fiquei orfão de pai aos 15 anos de idade ele foi para mim o pai que inesperadamente perdi.

"Enquanto vida eu tiver, seguirei o caminho que seu Walfredo indicar, porque aprendi que a maior qualidade do ser humano é saber ser grato àqueles que nos estendem a mão nas horas mais difíceis da nossa vida. E foi isso que ele fêz por mim"

E complementava, para estender esse sentimento de gratidão a todos os seus filhos:

"Vocês rezem para seu Walfredo não ir para o partido do "cão", porque nós teremos que ir atrás"

E a sua profecia se cumpriu, todos os seus filhos, ainda hoje, guardam as lembranças desse grande homem, que viveu entre nós de maneira tão presente no nosso cotidiano, que às vezes confundimos o seu nome com o do nosso próprio pai.

No dia 19 de dezembro de 1975, Antônio Piancó se despediu do seu maior amigo, e toda a nossa família experimentou o desgosto de uma partida sem volta, daquele grande homem que tanta influência teve na vida de cada um de nós.

Naquele dia, naquele triste dia, eu estava com meu primeiro filho nos braços, Carlos Leonardo, que acabara de completar 6 meses de vida.

Mais tarde nasceram meus dois últimos filhos, Carlos Eduardo e Karla Sandra, 1980 e 1983, respectivamente.

Nasceram em anos posteriores à presença física de Seu Walfredo, mas ouviram do avô, até o dia em que partiu, também, para a eternidade, a história desse grande homem que impulsionou o seu sucesso, tanto político, como industrial.

Se não tiveram a felicidade de conhecê-lo, por terem nascido a posteriori, testemunharam a amizade do avô com outro grande amigo que ocupou uma parte do seu coração, porque a outra estava guardando a memória de Seu Walfredo.

Esse outro amigo, que não posso deixar de lembrar neste momento, foi o Dr. Honório de Queiróz Rocha, (in memoriam) ao qual meu pai se ligou, inicialmente por laços politicos e no decorrer do tempo por laços profundos de amizade.

Com Dr. Honório aconteceu uma reciprocidade de amizade, que muito se assemelhou àquela vivida por ele e Seu Walfredo, digo se assemelhou, porque no coração de Antônio Piancó Seu Walfredo não teria substituto.

Mas não resta dúvida de que vivenciaram uma enorme amizade, a qual fez com que no dia do seu sepultamento, o Dr. Honório Rocha - que já havia se afastado da política para exercer o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas, e que naquele momento estava ocupando o cargo de Presidente do Tribunal - se deslocasse para Itapetim e proferisse um expressivo pronunciamento, um testemunho do que foi Antônio Piancó:

Dizia ele, em uma das passagens do seu memorável discurso:

" Sou devedor de uma palavra a Itapetim e também de um testemunho:

O testemunho que eu tive a oportunidade de construir durante mais de quinze anos em que conheci Antônio Piancó e desde 1976, nós nos ligamos através de uma amizade que se foi consolidando dia-à-dia e eu devotava a ele uma admiração profunda...

... A sua alma voou, o seu corpo aqui está, vai ser sepultado, mas a crença nos afirma que ele hoje vive a recompensa junto a Deus.

A recompensa da fé que teve, da esperança e do amor que dedicava à sua família e a lealdade aos seus amigos, o amor telúrico à sua terra, que ele desejava ser grande, progressista e desenvolvida ...

Um homem leal aos seu amigos. Um homem que não tinha ódio. Um homem que não guardava ressentimentos. Um homem de alma aberta. Um homem de coração generoso.

Esse homem, que não precisa de que eu diga a Itapetim, toda Itapetim e toda Região do Pajeú, conhece e guardará a memória sempre presente de Antônio Piancó Sobrinho.

Que Deus o receba e que a graça do Senhor conforte todos nós."
E foi assim que ele partiu, ouvindo o que mais se orgulhava de possuir : a qualidade de ser leal aos seus amigos, como o foi por décadas a fio a Walfredo Paulino de Siqueira.

Tenho certeza de que hoje, na eternidade onde se encontra, junto de Deus e daquele que tanta influência exerceu na sua vida, ele recebe essa homenagem, não como aquele que contribuiu para o êxito da trajetória de vida de Seu Walfredo, mas como aquele que, inegavelmente dele recebeu as condições necessárias para a sua projeção como homem político, comerciante e industrial.

Quero agradecer aos filhos de seu Walfredo, por eles não terem esquecido que durante décadas a fio os nomes de Walfredo e Toinho jamais puderam se dissociar, porque suas vidas foram unidas pelo trabalho, pela bravura, pelo respeito e pelo mesmo sentimento de servir ao povo da terra em que nasceram.

Obrigada, em nome da minha família e em nome da memória do nosso saudoso pai, quero agradecer aos descendentes de Walfredo Paulino de Siqueira por esse reconhecimento, da importância que teve Antônio Piancó em todos os momentos em que eles caminharam juntos, durante 40 anos.

Quero terminar minhas palavras agradecendo ao Presidente da Câmara de Vereadores, o Senhor Flávio Roberto de Araújo Jucá, bem como aos demais vereadores.

Sem esquecer de expressar o meu agradecimento especial aos membros da comissão designada para escolher os homenageados de hoje, e ao Vice-Presidente da Casa, Vereador Euclides Ronaldo Leite pela idéia da oficialização dessa Comenda, que hora recebo em nome de minha família, a qual teve o privilégio de fazer parte da lista seleta dos que hoje recebem essa grandiosa homenagem.

Obrigada, Seu Walfredo, tenho certeza de que Deus, na sua infinita bondade, lhe permitiu o reencontro com o seu grande amigo Antônio Piancó e, neste 21 de maio, nesta hora, neste exato momento, estão assistindo juntos as comemorações pelo seu centenário, ao tempo em que enchem seus corações de alegria pela amizade que ainda hoje une as famílias Siqueira e Piancó.

Muito obrigada, porque um dia o Senhor existiu entre nós!

Lusinete Barbosa Piancó do Rêgo Vilar

Filha de Antônio Piancó Sobrinho

Em nome da Família Piancó

Em 21 de maio de 2011

sábado, 30 de abril de 2011

A FAMÍLIA DE ANTÔNIO PIANCÓ SERÁ AGRACIADA COM A COMENDA "CENTENÁRIO DE WALFREDO SIQUEIRA"


ANIVERSARIO DE AMIGO IRMÃO

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 Família de Antônio Piancó Sobrinho - 27 de dezembro de 1982

Foi com muita emoção que recebi a incumbência de representar minha família, para receber no dia 21 de maio deste ano, a COMENDA CENTENÁRIO WALFREDO SIQUEIRA, como reconhecimento do papel imprescindível que teve o meu saudoso pai, Antônio Piancó Sobrinho, para a trajetória de êxito do líder sertanejo Walfredo Paulino de Siqueira.

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 001/2011

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JUSTIFICATIVA

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Desde já quero dizer em nome de todos os filhos de Antônio Piancó Sobrinho (in memoriam) que, ao sermos agraciados com uma das dez comendas que serão conferidas à famílias e instituições, as quais, reconhecidamente, tiveram relação ou vínculo político, social e econômico no contexto histórico com Walfredo Siqueira, muito nos emociona e nos deixa profundamente agradecidos.

Não restam dúvidas do relacionamento por demais estreito que tiveram Walfredo e Toinho, de forma que em 2008 quando criei o meu 1º blog intitulado "Raízes", onde venho postando relatos das minhas origens, não pude deixar de criar um anexo para registrar a trajetória política do meu pai, cujo título é:
 "Antônio Piancó: O Homem Público", lá podemos conferir que ao contar a história da vida de Antônio Piancó é impossível não registrar os passos de Walfredo Siqueira, porque andaram juntos pelo mundo dos negócios e da poítica durante 40 anos.





Também criei um espaço para fazer minhas homengens a esse grande homem que foi para nosso pai espelho de retidão e caráter, cujos valores, que dele recebeu, repassou para sua família como um precioso legado.
Além da inegável contribuição para o desenvolvimento da nossa região, particularmente, para o nosso município.
Nossos agradecimentos aos familiares de Walfredo Siqueira, bem como a todos os Vereadores da Câmara Municipal de São José do Egito, pela aprovação do Projeto de Decreto nº 001/2011, que oficializa a distribuição das Comendas "Centenário Walfredo Siqueira"

quinta-feira, 21 de abril de 2011

CONVITE PARA A COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DE WALFREDO SIQUEIRA



Para os familiares de Walfredo Paulino de Siqueira

É com imensa saudade deste homem que foi para meu saudoso pai, Antônio Piancó Sobrinho, inicialmente um patrão, e, com o passar dos anos, seu maior amigo, seu ídolo, seu sócio, a quem ele seguiu políticamente até o dia em que ele deixou de existir entre nós. Mesmo depois de morto, o nome de Walfredo Siqueira continua, para nós descendentes de Antônio Piancó, decantado com muito orgulho e com muita gratidão.

Hoje, recebo das mãos de seus filhos, Zita e Carlos, o convite que foram levar em Itapetim para a nossa família  assistir a comemoração do seu centenário, o que muito nos honra.

Quero agradecer aos filhos de seu Walfredo, por eles não terem esquecido que durante décadas a fio os nomes de Walfredo e Toinho jamais puderam se dissociar, porque suas vidas foram unidas pelo trabalho, pela bravura, pelo respeito e pelo mesmo sentimento de servir ao povo da terra em que nasceram.
Meu pai sempre dizia, humildemente, tudo que sou, tudo que tenho e tudo que venha a ter, eu devo a um homem chamado Walfredo Siqueira, que me acolheu em suas empresas, quando fiquei orfão de pai aos 15 anos de idade, ele foi para mim o pai que inesperadamente perdi.

"Enquanto vida eu tiver, seguirei o caminho que seu Walfredo indicar, porque aprendi que a maior qualidade do ser humano é saber ser grato àqueles que nos estendem a mão nas horas mais difíceis da nossa vida. E foi isso que ele fêz por mim"

E complementava, para estender esse sentimento de gratidão a todos os seus filhos:
"Vocês rezem para seu Walfredo não ir para o partido do "cão", porque nós teremos que ir atrás"

E a sua profecia se cumpriu, todos os seus filhos, ainda hoje, guardam as lembranças desse grande homem, que viveu entre nós de maneira tão presente nosso cotidiano que, às vezes, confundo o seu nome com o do meu próprio pai.

Obrigada, Seu Walfredo, tenho certeza de que Deus, na sua infinita bondade, permitiu o  reencontro com o seu grande amigo, Antônio Piancó, e no dia 21 de maio estarão assistindo juntos as comemorações pelo seu centenário.

Lusa Piancó Vilar, em nome dos filhos de Antônio Piancó Sobrinho.


Depoimento de Walfrêdo, concedido a Leila Gebrin
 Jornal de Brasília - Maio de 1973


Eu sou um homem da região do Pajeú – dizia ele – no Sertão de Pernambuco. Comecei a trabalhar muito cedo, com a idade de 11 anos. Na época de minha infância, havia dificuldade para estudar, de maneira que só consegui fazer o Curso Primário.

Nasci em São José do Egito, onde passei toda a minha vida. Ainda muito jovem, com apenas 17 anos, ingressei no serviço público, como secretário da Prefeitura local. Nessa condição, já em 1930, participei do movimento revolucionário, incorporando-me às Forças Paraibanas que invadiam o Estado de Pernambuco.

Em 1936, senti que não tinha vocação para a vida burocrática e mudei para o comércio. Nessa época, era proprietário de um armazém de ferragens. Já em 1939, passei para o comércio e a industrialização do algodão, atividade que exerço até hoje, aliada à criação de gado.

Política, propriamente dita, só (comecei a fazer) a partir de 1945, com a redemocratização do País. Fui convocado pelo então interventor, Agamenon Magalhães, que me incumbiu da organização do PSD no município.

Participei da campanha do presidente Dutra e, mais tarde, da do governador Barbosa Lima Sobrinho e de todas mais que se realizaram no Estado, daquela época para cá.
Além do cargo de prefeito do município, que exerci por duas vezes, fui eleito por três vezes para a Assembléia Legislativa do Estado, onde tive a oportunidade de presidir a Comissão de Finanças e ser presidente da própria Assembléia por dois mandatos.

Nunca gostei de política, mas nunca deixei de ser político. O convite para a Assembléia teve muita importância. Mas o que pesou muita nesta decisão foi a gratidão que devia a um amigo (Pe. João Leite? José Borja?) a quem não poderia faltar. Fora ele o veículo de minha aproximação com o então interventor de Pernambuco, Agamenon Magalhães. Nesse período de quase 30 anos tenho tido muitas vitórias e muitas alegrias, entremeadas por decepções e contratempos, naturais na vida política de qualquer pessoa.

Voltando à época da Presidência da Assembléia, numa mesma ocasião fui cumulativamente presidente da Casa e vice-governador, condição na qual assumi o Governo do Estado várias vezes” (foram 17).
Depois do terceiro mandato, tomei a iniciativa de me substituir, tive a sorte de eleger dois genros, um para a Câmara Federal, o deputado Josias Leite, e outro para a Assembléia Legislativa, deputado Francisco Perazzo, ambos reeleitos no último pleito.

Voltei às raízes e continuo nas atividades tradicionais, considerando-me um homem realizado, tanto na
parte política, quanto na empresarial e familiar, especialmente porque estou terminando a grande batalha de encaminhar os 11 filhos na vida.
Sobre a minha terra, posso dizer que se trata de região de gente destemida e inteligente, destacando-se como a capital nordestina dos violeiros e cantadores. Foi uma cidade de vida muito agitada, sob o aspecto político, especialmente a fase de 1908 a 1913. Nessa época houve a luta pela direção política local, entre as famílias Santana e Dantas.

Depois dessa fase, em conseqüência do rigor e da luta, veio uma calmaria, só voltando (o município) a
apresentar maior interesse político após a Revolução de 30.
Apesar de encravada no Alto Sertão de Pernambuco, nunca sofremos diretamente as conseqüências do bando de Lampião. Indiretamente, sofríamos muito. Na minha região nasceu o célebre bandoleiro Antonio Silvino, que no seu tempo foi o maior cangaceiro da região nordestina, convindo salientar que, tanto Antonio quanto Lampião tornaram-se bandoleiros para vingar o assassinato de pessoas de sua família. No caso de Silvino, ele tentou vingar, mas não conseguiu matar os assassinos do pai. Depois que saiu da prisão, tornou-se um revoltado e morreu de velhice. Fim um pouco inglório para um dos maiores cangaceiros do Nordeste.

O nordestino é homem brasileiro que apresenta maiores qualidades de resistência. Aceita as inclemências da natureza, luta contra elas e jamais desanima. Hoje, com as facilidades do transporte e com o progresso de outras regiões do País, especialmente do Centro-Sul, o nordestino emigra com maior facilidade. Mas, jamais deixa de voltar para o seu torrão periodicamente, ou de dar assistência financeira aos seus familiares que ficaram no Nordeste. O relacionamento familiar é uma constante do nordestino, bem como exercer a disciplina e a tradição de respeito à família.

Meu temperamento é otimista, dificilmente me aparece um motivo que me esmoreça a disposição.
Entretanto, a vida com alegria, aceito-a como ela vem. Não sou muito de protestar, nem de me conformar com as dificuldades a acidentes ( o fatalismo de quem perdeu a mãe aos 7 anos e aos 11 já saía de casa cedinho para trabalhar?). Meu prazer é o bem-estar de minha família. É minha única preocupação e, se tudo esta bem com ela, vejo como minha maior alegria.

Na minha região, detenho a amizade e o respeito quase unânimes da população; por isso mesmo, nas chamadas médias ou modestas, compreendendo aí violeiros, repentistas, vaqueiros etc., sempre desfrutei de um certo convívio, que termina se traduzindo em confiança mútua.

Tenho, neste ano de 1973, exatos 62 anos de vida e acho que a juventude dos dias atuais tem um grande
triunfo nas mãos, decorrente do progresso, do desenvolvimento, da tecnologia, das facilidades de instrução. Mas, é necessário, quase indispensável, que essa juventude se aperceba mais desse privilégio e compreenda a responsabilidade que a ela está sendo atribuída.

Walfredo Paulino de Siqueira.

(Pinçado de "O Algodão e o Sonho" de Ivanildo Sampaio - Perfil Parlamentar do Século XX)